
“...Jandira fica sozinha no limite da claridade inexpressiva da candeia, depois caminha para a pequena capela construída ali no quintal por Floriano Bastos, onde ela e a filha rezam suas preces. Busca orações, sem coragem para pensar em si mesma, no seus dias, de rever o passado e talvez encontrar, na rigidez com que ela e o marido conduziram a educação da filha, a justificativa para as atitudes de ingratidão demonstradas por Jussara, sua fraqueza de espírito, seus estados de ausência e sua derrota...”
“...Jandira terminou por decidir que Jussara, apesar de muito jovem, sem qualquer inclinação para aquilo, precisaria seguir com a tarefa mesmo a contragosto. Tinham ambas que enfrentar da melhor forma possível aquela nova realidade, e assim foi feito...”
“...Os planos de Jussara eram outros, sua vida era outra, de modo que ela ia amparar as parturientes como se obedecesse a um castigo. Jandira, então, não sabia se brigava com a filha ou se tentava compreender a adversidade que ela enfrentava...”
“...Estando, nesse momento, prostrada no terreiro onde a luz da candeia acesa na cozinha ainda alcança, Jandira continua a ouvir os estalidos e aguarda pacientemente, agasalhada em um cobertor. Pensa em Alice e nas outras mulheres grávidas das redondezas de Brejo...”
“...- Sara! - chama pela segunda vez.
Uma voz suave, meio rouca, vem da escuridão.
- Espere, minha mãe.
E Jandira resigna-se a esperar.
Tantas vezes foi despertada assim, ouvindo estalidos ao lado da janela do seu quarto em altas horas da noite, que terminou por habituar-se...”
“...Mais além, na rua denominada Estrada da Pedra, numa das últimas casas, de parede verde e rosa, Jandira Bastos ouvira, minutos atrás, o ranger da porta da cozinha. Pensou ter sido seu irmão, Tio Velho, em uma de suas insônias. Contudo, nas tréguas das rajadas...”
Romance "Lua de Setembro"
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